Temos hoje a certeza de que não nos enganávamos ao tomarmos a iniciativa de oferecer, uma vez por outra, aos nossos leitores algumas das mais belas estâncias de «Os Lusíadas». É possível que haja meia dúzia de simpáticos rapazes — dos que são sempre «do contra» — a acharem mal cabida a iniciativa das páginas do «Cavaleiro Andante». Mas, em compensação, milhares de leitores se mostram encantados com a ideia, que os ensinou a ver sob um ângulo diferente daquele a que estavam habituados, o mais belo poema da língua portuguesa.
A esses, dedicamos hoje mais duas estâncias da obra de Camões, estâncias que Fernando Bento ilustrou com um vigor e uma compreensão difíceis de igualar.
Vão, pois, ler na página seguinte as duas estâncias do Canto V em que o poeta retrata, com aquele seu extraordinário poder descritivo, a aparição do Gigante Adamastor aos marinheiros de Vasco do Gama.
Todos sabem, aliás, que o Adamastor não é mais do que o símbolo do terror dos antigos ao passarem o cabo da Boa Esperança. Os homens daquele tempo, não sabendo o que haveria para lá do majestoso cabo, imaginavam que um gigante poderoso se postara ali para lhes impedir c passagem.
E é o próprio almirante quem descreve a medonha figura, gigantesca, de rosto carrancudo, cabelos crespos, cheios de terra e dentes amarelos. Tão elevada era a sua estatura, que sem dúvida alguma igualava o Colosso de Rodes, uma das sete maravilhas do Mundo antigo. Quando o gigante começou a falar, a sua voz parecia sair do mar profundo. E a todos, ao valoroso almirante e aos seus homens, se arrepiaram as carnes e os cabelos só de o ouvir...
Eis, caros amigos, o que nos conta Luís de Camões nesta passagem do seu formoso poema.
Não se pode amar aquilo que não se conhece. E para que vocês, rapazes portugueses, amem e apreciem o mais alto poema da língua portuguesa, é preciso que o conheçam.
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